UM PAÍS QUE ARDE... E NÓS A VER
O processo repete-se. Chega o verão, aumenta a temperatura e o país começa arder.
É um corre corre de bombeiros, que tentam acorrer a todos os pedidos; gritos lancinantes de quem vê as chamas chegar junto das suas casas, pela qual trabalharam uma vida inteira, para a conseguir erguer; protestos de quem, no meio da aflição, não vê chegar os meios necessários. Um verdadeiro pesadelo.
Um horror que se repete, ano após ano, sem que se consiga colocar termo a esta situação. Culpados? Muitos. Desde logo, quem ateia o fogo por negligência mas, sobretudo, quem o ateia propositadamente, num ato criminoso que, infelizmente, a justiça não pune com a devida severidade.
Há pirómanos que a Polícia deteta, prende, e o tribunal os deixa sair em liberdade até ao julgamento que demora vários anos. Nesse entretanto, muitos há que voltam a atear o fogo. Alguns a mando de outros criminosos, com interesses diversos, e outros por puro divertimento! Obviamente os políticos, leia-se sobretudo o governo, não está fora da lista dos que não fazem tudo para que a situação se reverta, sobretudo no que concerne ao ordenamento do território há muito anunciado mas nunca concretizado.
A verdade é que já 2003 e 2017 foram anos de verdadeiro caos. De desgraças. De muitas mortes. 2022 volta a assustar. Mas as decisões estruturais continuam por tomar. Sim, vai-se acodindo aqui e ali, tendo, de facto, melhores meios para apagar os fogos, mas, no capítulo da prevenção, continua a não se fazer o trabalho de casa. Urge, pois, tomar medidas de fundo. Ouvir os especialistas e tomar decisões políticas. Até porque o clima, como se percebe, nos tem dados largos sinais de que o aquecimento não só é para continuar como tende, em larga medida, a aumentar.