A DIGNIDADE DEVIDA AOS 'VELHOS'

Costa anunciou um pacote no valor de 2,4 milhões de euros de ajuda aos rendimentos das famílias tendo em vista a mitigação dos efeitos da inflação e dos custos energéticos. De uma forma geral, parece-me bem. Podia ser um pouco mais aqui, menos ali, etc., mas creio que, globalmente, é um pacote aceitável.

Hoje, porém, não me queria deter a detalhar os pormenores do pacote mas, antes, aproveitar a discussão que há sobre se é, ou não, um ‘embuste’ como defende praticamente toda a oposição, o que Costa previu para os pensionistas, para falar de uma coisa que sempre me apoquentou: a dignidade dos ‘velhos’.

Há muitas, muitas pessoas que ainda hoje, em pleno século XXI, recebem de pensão mensal valores à volta de trezentos euros. Sim, trezentos!

Ora, eu pergunto, como é possível que anciões, pessoas que trabalharam anos e anos e estão no ‘ocaso’ da vida, numa altura, portanto, que estão mais vulneráveis, com saúde geralmente débil e que só na farmácia pagam mais em remédios do que o valor que recebem nas pensões e o governo não olhe para isto com a seriedade que o problema requer e o possa começar a diminuir e, até, resolvê-lo.

Não consigo entender como é que um governo com maioria absoluta do Partido Socialista - e que até teve o apoio durante anos dos dois partidos mais à esquerda (PCP e Bloco) - não conseguiu, e não consegue, viabilizar uma solução que ponha cobro a tamanha desigualdade na nossa sociedade que atira os ‘velhos’ para um gueto inaceitável.

É uma questão de dignidade. E honra. Uma questão de respeito por quem trabalhou em condições miseráveis numa altura até que muitos ‘patrões’ nem sequer lhes faziam os descontos para a Segurança Social com a passividade do (s) governo (s) de então.

Obviamente não sou economista, nem tenho dados para fazer contas para resolver essa situação. Sei, no entanto, o seguinte: havendo vontade política, tudo se resolve. Exemplo: colocando um teto nas chorudas reformas, algumas até em duplicado (!) e quase pornográficas, diria, que alguns recebem. Basta, pois, querer. Porque é urgente dar dignidade de vida a uma parte importante da população e não só oferecer-lhe, em vésperas de eleições, um ‘aumentozinho’ para lhes comprar o voto.