JERÓNIMO: PALAVRA DADA É PALAVRA HONRADA

11-11-2022 | 13:30 | | |

JERÓNIMO: PALAVRA DADA É PALAVRA HONRADA

Escrito por O Gaiense

O Partido Comunista já nos habituou a estes segredos: de repente, como se se tratasse de uma madrugada para derrubar o regime do Estado Novo, soube-se que Jerónimo de Sousa deixará de ser secretário-geral na próxima semana, embora seja justo dizer que há algum tempo se perspetivava que Jerónimo não se manteria muito tempo no cargo, sobretudo após uma operação à carótida que o impediu, inclusivamente, de fazer parte da campanha das eleições legislativas.

Mas, a maior surpresa, não foi tanto o anúncio da saída de Jerónimo, mas sim quem o vai substituir: Paulo Raimundo!

O processo não terá tido a unanimidade do Comité Central. Percebe-se. Paulo Raimundo, de 46 anos, funcionário do partido desde muito novo, é uma figura pouco mediática, sobretudo se a compararmos com os três nomes que sempre estiveram na frente na linha de sucessão: João Oliveira, Bernardino Soares e João Ferreira.

 A verdade é que, quando Jerónimo substituiu Carlos Carvalhas também era uma figura pouco conhecida fora do partido. E, apesar disso, Jerónimo veio a revelar-se um ótimo secretário-geral.

Jerónimo nunca abdicou dos princípios do Partido Comunista e, embora se possa discordar das teses que defende, mostrou sempre uma enorme coerência - o que falta em muitos políticos -  e quando o víamos em diversas entrevistas, percebia-se que era, afinal, não uma pessoa fria, calculista, mas um homem de emoções. Emoções puras. Por isso, foi sempre muito respeitado por todos os seus adversários de uma ponta à outra do leque partidário. Era um homem de confiança. Sério. De palavra. Daqueles que ainda se pode confiar: palavra dada é palavra honrada.

Foi ele, aliás, que abriu caminho à criação da ‘geringonça’ que levou Costa ao poder e que terá sido, porventura, até, o princípio do atual declínio do PCP que o leva a ter, nesta altura, apenas seis deputados na Assembleia da República, lugar do qual Jerónimo também já abdicou.

Sim, Jerónimo sai, mas com a admiração de uma grande parte dos portugueses. Incluindo dos seus adversários políticos.

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