MARCELO, VALENTIM LOUREIRO E GUTERRES
Marcelo falou e disse... asneira. Logo num tema tão sensível: os abusos sexuais na Igreja. Disse ele: “Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado porque noutros países com horizontes mais pequenos houve milhares de casos”.
Ora, isto dito assim e interpretando as palavras, não resta dúvidas a ninguém que foi uma declaração extremamente grave seja dita por quem seja, mas que assume um maior grau de gravidade dita pela boca do Presidente da República, ainda por cima um experiente comunicador.
Ao fim de uns dias aos ziguezagues, em que tudo o que disse para reverter o que tinha dito, - e que só o ‘enterrou’ cada vez mais, - finalmente, já perto do final de semana, veio dizer o que devia ter dito logo após as primeiras declarações. - “A minha intenção não foi ofender quando disse o que disse, mas se porventura entenderam, uma que seja das vítimas que está ofendida, eu peço desculpa por isso”.
O problema é que fez esta declaração tarde. Devia não ter percorrido os caminhos que percorreu noutras declarações a tentar explicar o inexplicável. Quando é assim, nada como fazer de imediato o “mea culpa’ e assumir o erro.
Até porque, todos os que andam na vida pública e têm que fazer declarações, nem sempre estas lhes saem bem.
Exemplos: 1) Em 1995. Milhares de militantes social-democratas juntam-se, em Gondomar, para um comício de apoio a Fernando Nogueira. Valentim Loureiro fala às massas. "Vamos todos gritar: Guterres, Guterres..." O major emenda a gaffe e lá continua a incentivar a multidão: "Gondomar, Gondomar..."
2) E por falar em Guterres. Quem não se lembra do célebre engasganço do secretário-geral do PS (em 1995), depois de defender um maior quinhão de PIB para a Saúde. Isso em números dá exatamente o quê? "São... O Produto Interno Bruto são cerca de três mil milhões de contos, portanto seis por cento... seis por cento de três mil milhões... seis vezes três 18... um milhão e... ou melhor... portanto, enfim, é fazer a conta."
Ou seja, gaffes qualquer um pode cometer. O importante que quero aqui realçar é que não há que crucificar Marcelo, porque se tratou, apenas, de uma gaffe. Marcelo não queria dizer o que efetivamente disse. Ele, como quase todos nós, estamos à espera que quem cometeu os crimes, pague por eles.