A ‘MORTE’ DA MINISTRA

02-09-2022 | 13:13 | | |

A ‘MORTE’ DA MINISTRA

Escrito por O Gaiense

Marta Temido apresentou a demissão do cargo de ministra da Saúde. António Costa aceitou com muito pesar e Marcelo assinou por baixo.

Eu, confesso, gostava da ministra. Acho que, pese embora os erros com que nos temos deparado nos nossos hospitais, a culpa no cartório dela é residual. E explico: começo por entender que este é o cargo sujeito a maior desgaste num qualquer governo; acho que Marta Temido teve uma excelente atuação no período da pandemia; acho que estava a tentar (re)organizar a gestão hospitalar e acho, sinceramente, que ela é a última na escala dos responsáveis pela morte da grávida que levou à sua demissão.

Nesta morte, vamos esperar pelos inquéritos (esperemos que sejam breves...) para de algum modo percebermos se a decisão do hospital foi a mais acertada e, portanto, se os profissionais que intervieram no processo fizeram tudo o que estava ao seu alcance para que o que aconteceu não tivesse acontecido e se há outros protagonistas que, por eventual omissão dos seus deveres, não ficam com peso na consciência. Eu não percebo como é que num assunto tão importante, que lida com pessoas, com a vida ou com a morte delas, não há maneira das pessoas que trabalham na saúde se juntarem para encontrar os melhores caminhos para que a saúde... tenha saúde.

Será que os sindicatos, a Ordem dos Médicos e dos Enfermeiros, os próprios administradores hospitalares, etc, não poderão fazer algo mais positivo do que o que têm feito? Sim, porque contestar, é fácil.  Fazer é sempre um pouco mais difícil. Será que todos estes quiseram alguma vez  um SNS (Serviço Nacional de Saúde) eficiente? Será que não haverá aqui, por trás, fortes interesses privados que não veem - nem nunca verão - com bons olhos que o SNS funcione bem?

É que, se não houver essa união de interesses de quem milita na saúde, pode vir o mais ilustre dos ministros que estes, ou outros acontecimentos parecidos, continuarão. Para mal dos portugueses que não têm dinheiro para frequentar as imensas clínicas particulares que alastram pelo país.