O FIM DE RENDEIRO
Rendeiro sempre disse que não voltaria a Portugal mesmo depois de ter sido detido na África do Sul e cumpriu, para já, a promessa. Falta saber se o seu corpo será trasladado para Portugal - o que é provável que aconteça - e, se assim for, é, apenas, cumprida uma parte da promessa.
Lembro-me, que logo que entrou na prisão, apresentou queixa na ONU contra aquilo que ele considerava serem condições miseráveis do cárcere onde o colocaram. Diz-se que cerca de 50 pessoas em cerca de 80 metros quadrados.
Habituado a frequentar hotéis de cinco estrelas, que pagava com o dinheiro que foi roubando aos depositantes que nele acreditaram (nele e no governo que permitiu que estivesse à frente de um banco...) obviamente estranhou as condições.
Mas, mesmo assim, recusou sempre a extradição para Portugal e, portanto, este era um fim anunciado.
À hora a que escrevo, ainda não são claros os motivos da sua morte: se suicídio, se homicídio. Sabe-se é que morreu e, assim sendo, não se sentará no banco dos réus para ser julgado pelos crimes cometidos. E, desculpem, isto é, também, um falhanço da justiça, sobretudo por o terem deixado andar a passar férias, de país em país, em vez de terem, como era óbvio, decretado a prisão preventiva.
Aliás, no dia em que o diretor da Polícia Judiciária, anunciou ao país, com muita pompa e circunstância, que Rendeiro tinha sido detido e apresentou o caso como uma vitória da PJ eu disse para os meus botões: “Hum, acho que se estão a precipitar. Porque vitória da polícia, era uma de duas: ou ter evitado a fuga ou, então, a vitória só seria vitória se o conseguissem sentar no banco dos réus. E não conseguiram. E isso é triste. Porque justiça, justiça, seria, repito, que Rendeiro fosse julgado e, como era esperado, condenado.