OS ABUSOS SEXUAIS NA IGREJA
Estava eu a tomar um café numa das excelentes esplanadas de uma das bonitas praias de Gaia quando fui abordado por um leitor de O Gaiense.
- Bom dia, desculpe, não vai escrever nada sobre o Padre?
- O Padre?, perguntei, estranhando.
Não, o leitor queria mesmo saber a minha opinião sobre o facto de Dom Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, ter tido conhecimento de uma denúncia de abusos sexuais de menores relativa a um sacerdote do Patriarcado, tendo optado por não comunicar o caso às autoridades civis e por manter o padre no ativo.
É verdade que tenho tentado evitar escrever sobre o assunto. Sou católico e fico perfeitamente estupefacto com o que tem vindo a acontecer relativamente aos abusos sexuais a menores - que não é exclusivo de padres - mas que, na verdade, acontece num número perfeitamente incomensurável.
Acontece que - infelizmente - não foi só Dom Manuel Clemente que ‘escondeu’ um caso, mas, segundo o Expresso, outros bispos terão tido conhecimento de outros casos e, também eles, os colocaram na gaveta.
Ora, a Igreja, como defende o Papa Francisco, só tem a ganhar se fizer, de imediato, a denúncia dessas violações. Se pregam a verdade, devem ser eles os primeiros a respeitá-la. Esconder, atirando para debaixo do tapete, estes comportamentos deploráveis e nojentos só ajuda a que muitos cristãos deixem de acreditar na Igreja e se afastem dela cada vez mais.
Vamos ver como vai acabar o trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa, criada pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que já terá validado 338 denúncias mas receia que o número de vítimas possa atingir 1500 jovens!
A um ano de termos o Papa Francisco em Lisboa - se a saúde o permitir - para a semana mundial da juventude, todos estes casos vão manchar o esforço de organização do País, onde, aliás, se vão gastar milhões e milhões de euros.