OS AMUOS QUE DERAM EM DIVÓRCIO
Quem diria! O orçamento não passou e, dessa forma, abre -se uma crise política com alguns contornos ainda por traçar. Vamos por partes: não era expetável que a esquerda não viesse a aprovar o orçamento, embora tenha havido alguns sinais nesse sentido, uma vez que se percebia que o ‘amor’ entre os componentes da ‘geringonça’ dava mostras de constantes ‘amuos’. Mas, a verdade, é que à partida, não parecia nada favorável quer ao PCP, quer ao Bloco a ida para eleições. E, daí, sinceramente, que eu sempre perspetivasse que, à última hora, Jerónimo daria a prenda da aprovação a Costa. Não sendo assim, é fácil perceber que o ‘amuo’ era mais sério do que seria pensável e, portanto, o ‘divórcio’ será uma realidade. O problema é que não me parece possível, daqui até às eleições (fins de janeiro?...) que a esquerda se recomponha do ‘divórcio’ e possa esquecer a zanga e voltarem a cair nos braços uns dos outros. Desse modo, levanta-se uma nova questão: será que as próximas eleições trarão novo xadrez político? Tenho dúvidas. E, assim, porventura, teremos a mesma impossibilidade de se juntar os votos necessários para aprovar orçamentos. A não ser que... Bom, a não ser que Rio ganhe as ‘primárias’ no PSD a Rangel e se atire para o ‘colo’ de Costa com quem ‘namorou’ durante muito tempo. Voltaríamos, então, ao Bloco Central, caindo por terra o ‘amor’ de Costa à esquerda. Perderiam PCP e BE, podendo ainda emergir por aí, de novo, o ‘populismo’ do Chega. Sim, porque também não acredito que o efeito Moedas em Lisboa se vá replicar nas legislativas e, portanto, a direita ficará, igualmente, sem os votos necessários para governar, sobretudo porque todos dizem que os votos do Chega não contarão, embora em política, como se viu nos Açores, nem sempre o que se diz vem a corresponder à verdade. Depende sempre um pouco do apetite pelo poder. Resumindo: parece-me que todos ficam a perder, incluindo os portugueses. Então por quê isto?