A PONTE QUE ATRAVESSA O RIO
Uma ponte é, por definição, uma “construção que liga dois pontos separados por um curso de água ou por uma depressão de terreno”, in priberam. Mas o conceito de se fazer ‘pontes’ é muitas vezes alargado, por exemplo, quando há opiniões diferentes sobre um determinado tema. “Vou tentar fazer a ‘ponte’ entre o interesse do fulano e do sicrano”. É normalmente o papel de um mediador, solicitado para ajudar na resolução de um assunto em que haja qualquer divergência. Vem este introito a propósito da Ponte sobre o Douro que será construída para a nova linha do Metro que ligará Gaia ao Porto. Normalmente, por aqui, neste cantinho à beira-mar plantado, levantam-se polémicas por tudo e por nada que, em vez de beneficiar as populações, só as prejudicam. É agora moda qualquer concorrente a uma empreitada, se não for o primeiro, contestar a entrega da obra à empresa preferida pelo júri. É um direito que assiste a todos os concorrentes, decorrentes dos direitos e garantias. Porém, os tribunais devem ser céleres neste tipo de resolução, sob pena das obras se arrastarem no tempo, impedindo, assim, o progresso, em muitos casos, apenas porque, como me parece neste caso, afeta o ego do engenheiro A ou do arquiteto B. Nenhuma obra desta dimensão se faz sem afetar, aqui ou ali, um qualquer ‘quintal’ e, obviamente, sem que haja cedências dos envolvidos. A ponte custará zero. Será paga pelo tal PRR - e foi, até, a primeira obra aprovada ao abrigo da ‘bazuca’ em Bruxelas - isto, se a construirmos em tempo útil. Ora, se continuarmos em discussões como acontece com o famoso Aeroporto de Lisboa, é certo e sabido que... a ponte não levará o Metro de uma para a outra margem, ou em alternativa, como somos ‘ricos’, pagá-la-emos, mais tarde, com o nosso dinheiro. É urgente, pois, que o mediador (tribunal, ou quem o substitua...) construa a ‘ponte’ entre os diversos interesses para que se possa construir a outra: a que levará o Metro a atravessar o Douro.