Um ramos de rosas espalhadas pelo país
Dizer que alguém imaginava uma maioria absoluta do PS é mentir. Aliás, nem o próprio António Costa o admitia, depois de a ter pedido, mas arrepiado caminho quando percebeu que as sondagens não iam nesse sentido. No discurso de vitória, António Costa admitiu que a maioria absoluta só aconteceu porque se juntaram ao PS “milhares de cidadãos de várias origens do pensamento político”. E eu acrescento: do BE e da CDU porque, obviamente, uma grande parte de quem votava mais à esquerda não concordou com o chumbo do orçamento e da consequente crise política, numa altura que a crise pandémica já chegava para apoquentar os espíritos. Agora, com essa maioria absoluta que pintou o país de rosa, mesmo nos lugares que eram verdadeiras coutadas laranjas, a responsabilidade de Costa aumenta. Já não há desculpas para a falta de ‘óleo’ na engrenagem da geringonça. Desta feita, o PS pode fazer - durante quatro anos - o que entender. Governar como quer e cumprir e fazer cumprir o seu programa. Ou seja, ter mais rosas com menos espinhos. O cumprimento dos objetivos traçados só depende, agora, em primeiro lugar de Costa e depois do mérito ou da falta dele dos ministros que Costa venha a escolher. Não há lugar a desculpas. Entretanto, no PSD, o melhor que Rui Rio conseguiu na noite no discurso em que anunciou a sua derrota, foi falar das contas da campanha - que estavam certinhas e não deviam nada a ninguém - o que é sempre digno de registar, mas muito pouco importante para aquele momento. Para além disso, com a azia que estava, tentou, em alemão, achincalhar um jornalista que o tinha interrogado - em claro português - sobre o seu futuro. É pouco. Muito pouco para quem queria governar o país. Já Ventura, eufórico, anunciou logo ali, com as bandeiras no ar, que ia atrás de António Costa. Podia ter esmiuçado o teor do ‘vou atrás’ que pode muito bem ser entendido como uma perseguição muito pouco democrática, aliás, na linha de conduta que tem adotado