AGRURAS SUPORTADAS PELA PAIXÃO

a
02-09-2022 | 12:32 | | |

AGRURAS SUPORTADAS PELA PAIXÃO

Escrito por O Gaiense

Quem passa à porta do rés-do-chão do número 315 da Rua da Rasa depara-se desde logo com  inúmeros autocolantes de várias marcas de produtos de caça e pesca que decoram as portas da entrada, o balcão e algumas das vitrines, em estilo de armeiro, da ‘Espingardaria MiraGaia’, que nasceu em 1990. Além dos produtos para venda na sala principal, como canas e acessórios de pesca, cartuchos e espingardas, saltam à vista troféus conquistados pelo  proprietário António Ferreira Oliveira, que começou a praticar caça aos 16 anos e que agora, aos 77 anos, mantém um negócio agastado pelas “dificuldades financeiras”.

“Também pratico o desporto de caça e pesca e não achava por bem desistir disto, embora estejamos a viver debaixo de uma força financeira que não é fácil suportar, mas vamos tentando manter”, indica, esperançado pela chegada de tempos de maior “facilidade para a sobrevivência destas firmas”, ainda que “não no meu tempo”, acrescenta, conformado.

A mulher Conceição, de 71 anos, embarcou nesta aventura com António Oliveira há 32 anos, abraçando “a paixão” por estas atividades. “Aprendi com os clientes e com o meu marido. No início não sabia nada disto, começámos a colocar produtos e também a aprender com os clientes”, conta.

A ligação emocional ao espaço não sofreu remodelações pois ambos vivem no segundo andar, por cima da loja. Mas as memórias das provas e peripécias são eternizadas numa das paredes da loja, com imensas fotografias. “Isto é nosso, mas se tivéssemos de pagar renda, já tinha fechado há muito tempo”, afirma António Oliveira que no dia-a-dia anda de “um lado para o outro”, a organizar o material e a ‘espreitar à porta’, sem saber quando os clientes vêm buscar os artigos que se vão acumulando em stock. “Tivemos uma queda muito grande a partir de 2006, com a Lei das Armas, que foi a pior coisa  até hoje. Era uma casa que vendia dez armas por mês e agora não se vendem dez, num ano”, lamenta Conceição, convicta que “se a lei mudar um pouco, com certeza há mais pessoas a comprar”.