AQUELE CAFÉ QUE AQUECE QUEM FOGE DA GUERRA
Num teatro de Guerra o tempo passa de forma estonteante. É caso para dizer que "em tempo de guerra não se limpam armas".
Mas eu sou obrigado a limpar as minhas lentes. A cuidar das minhas máquinas. Senão fico impedido de obter imagens.
Tal como em Kiev (e todo o território da Ucrânia!), os homens que permanecem nas trincheiras, combatendo os invasores russos, são obrigados a cuidar da manutenção das suas armas.
Eu trato das minhas três máquinas com uma paixão sem limites. Dou-lhes um carinho imenso. São as minhas meninas! Para que elas disparem no momento certo. Para que não encravem nem me deixem encravado.
Hoje, a aurora rompeu com 6 graus negativos e alguma neve. Mas o coração bate sereno para que eu possa sentir-me bem e não me deixe abater.
Os diabetes(esses traidores!) até chego a desconfiar que são aliados do canalha Vladimir Putin. Não me dão tréguas! Adoram guerras e minar a minha saúde.
Quanto mais frágil mais atacam os traidores. Sobem silenciosamente os "putinistas" e ás vezes turvam-me a visão. Mas estou medicado e faço-lhes frente como os ucranianos fazem em relação aos russos. Enfrentam-nos até à morte.
Obrigado Dr. OLEG, o meu médico ucraniano na Glória.
Obrigado Dra. Barbara Janeczko aqui em Pprzemyśl - Polónia.
Mas voltemos à fronteira da Ucrânia. Á Guerra provocada pelo Putin. Aqui bem próximo de Rzeszów, onde a floresta é densa e o rio San corre livremente.
O número de cidadãos ucranianos que perderam tudo e cruzam a fronteira para encontrar um porto de abrigo seguro aumenta de forma estonteante. Diabólico. Fogem do Diabo estalinista.
E eu cá estou para lhes oferecer café preto polaco quente, o nosso "café da borra". Para lhes aquecer o coração. E alguns biscoitos artesanais de manteiga para enganar a fome e aconchegar o estômago.
Sei que vou ter mais um dia doloroso pela frente. E pressinto que chegará o dia em que entrarei em Kiev para festejar a vitória do povo ucraniano.