JÚLIO MACHADO VAZ E AS MÁSCARAS: "AGORA SABEM A COR DOS MEUS OLHOS"
Quando nós não precisarmos mais de máscaras, o que faremos? Saberemos como agir? Esqueceremos toda esta crise, ou não?, estas foram algumas das perguntas que Daniel Sister, aluno do 12.º ano da Escola Secundária Inês de Castro, em Canidelo, colocou ao psicólogo Júlio Machado Vaz, numa entrevista que ainda pode ler no jornal escolar que acompanha a edição de O Gaiense que sábado chegou às bancas.
"Talvez possamos resumir, com algum humor, essas perguntas numa só: após a pandemia, o que crescerá mais, a quantidade de pacientes psiquiátricos ou a procura pelas discotecas e festas? Eu arrisco-me a dizer que vai haver um aumento da procura das duas coisas e que haverá pessoas que frequentarão os dois sítios, sabe? As discotecas e os psicólogos e os psiquiatras. Agora, a pergunta tem interesse, porque se as coisas correrem bem e nós pudermos baixar, não a guarda, mas as máscaras, desde logo há uma coisa magnífica: é que grande parte da nossa comunicação é não verbal e neste momento em que falamos nós nem podemos sorrir para as pessoas", respondeu Júlio Machado Vaz.
"Há pessoas, por exemplo, que me dizem, entre os meus amigos “Ó pá, eu agora tenho a sensação de que conheço melhor os teus olhos do que antigamente”. Claro! É o que eles veem. Portanto, se calhar, alguns não sabiam de que cor eram os meus olhos e agora sabem. Mas a esse nível vai ser muito bom no dia em que pudermos estar de face, digamos assim, despida perante os outros. Agora, há outros aspetos em que há muito essa ideia de que, quando isto ficar resolvido vai ser, desculpem o termo, um verdadeiro forrobodó. Para alguns, sim, mas imagine como será com a gente que perdeu o emprego, que não sabe se no mês que vem vai ter emprego, que não sabe se vai reabrir a sua loja disto ou daquilo, o seu restaurante. Eu garanto que esses, no dia em que as coisas melhorarem, a primeira preocupação não vai ser ir dançar seja qual for a dança da moda nas discotecas, é sobreviver, como já está a acontecer agora", disse ainda.