MOINHO EM LEVER FOI RECUPERADO COM MUITO AMOR
"O velho moinho podia metamorfosear-se ao som dos melódicos acordes da flauta e, por obra dessa magia grande, ressuscitar as épocas em que foi presença viva a labutar na paisagem. Ou num súbito acordar de memórias, as suas apodrecidas pás que as límpidas águas moviam no efeito engenhoso que gerava a força impressionante da mó, nos desvende os segredos dos amores que por ali floresciam e se iam concretizando ao ritmo do monótono rodar da pedra que triturava os cereais, já quase transformados em pão".
É assim que o escritor Manuel Araújo Da Cunha descreve a recuperação, com a ajuda das Águas do Douro e Paiva, de um velho moinho em Lever. [VÍDEO}
"Cada ruído que das pedras sai e nos chega, podem ser de desespero de algum moleiro infeliz que por ali passou ou gemidos de prazer de pessoas enamoradas no preciso instante do maior dos orgasmos. Seja lá o que for, o certo é que o som chega até nós e o encanto existe, está nas pedras, na água, nas árvores, no chilrear dos pássaros e dentro daqueles que se dão voluntariamente, de corpo e alma para salvar as memórias de um povo ao som de um nobre instrumento de sopro", completa.
Um belo texto do escritor Manuel Araújo Da Cunha , que assim se associou à beleza altruísta dos homens e das mulheres que dão o melhor de sí nesta nobre tarefa de restauro e preservação deste legado cultural, acrescenta Artur Sousa, um dos mentores deste projeto de recuperação.