PORTO E GAIA PODEM SER O REBOQUE DA ÁREA DO TURISMO

A economia e a importância dos municípios
25-05-2021 | 16:32 | | |

PORTO E GAIA PODEM SER O REBOQUE DA ÁREA DO TURISMO

Escrito por O Gaiense

 A segunda edição das conferências Gaia Hoje, uma parceria de O Gaiense com a Câmara Municipal de Gaia, teve como palco, de novo, o Auditório Municipal Sophia de Mello Breyner. O relançamento da economia e a importância dos municípios foi o tema de um debate moderado pelo jornalista Júlio Magalhães que passou muito pela alavanca que pode ser o turismo na recuperação. Com as presenças do vereador gaiense Valentim Miranda, de António Castro, presidente do conselho de administração da Gaiurb e presidente da INOVAGAIA, e de Luís Pedro Martins, presidente do Turismo Porto e Norte, esta conferência mostrou uma luz forte a incidir sobre o futuro próximo.
“Apesar da pandemia, a Câmara de Gaia proporcionou momentos especiais à população e continua a dar o seu contributo, permitindo-nos ter a curto prazo uma boa perspetiva de desenvolvimento”, começou por afirmar Valentim Miranda, que sublinhou a importância de tudo o que foi feito e irá ser feito no centro histórico, relevando as Encostas do Douro e novos espaços verdes. “Os empresários sentem confiança em Vila Nova de Gaia”, precisou. “O turismo será muito importante neste novo passo”, acrescenta. António Castro começou por fazer uma ‘big picture’ do tecido empresarial gaiense, que tem 38 mil empresas, sendo que 67% correspondem a empresas em nome individual. As maiores empresas aqui fixadas representam, por sua vez, 10% da faturação das empresas da região Norte.
“Se as grandes empresas conseguiram uma capacitação mais rápida para mudar agulhas, as outras tiveram algumas dificuldades e foram apoiadas por nós sobretudo na transição digital”, referiu António Castro. “A INOVAGAIA é um pilar, tem cerca de 28 empresas ali sediadas e também são importantes no sentido de trazer acima de tudo inovação”, juntou.
Luís Pedro Martins, por seu lado, mostrou esperança no futuro. “O turismo iniciou uma nova fase após a estabilização da pandemia e já podemos receber também o mercado britânico e, esperamos nós, muito em breve mercados de longa distância”, afirmou, após “um ano duro que foi uma maratona”. Agora, “é preciso sprintar e ganhar alguma vantagem sobre os nossos concorrentes diretos”, é o alerta que deixa.
A Região Norte foi no ano passado a região portuguesa que mais hóspedes albergou, segundo dados do INE. “Gaia, estando na porta de entrada dos turistas, tem sempre alguma vantagem e faz parte do triângulo dourado Porto-Gaia-Matosinhos que retem 75% dos turistas que chegam à Região Norte”, salienta.
Levar Gaia para o mundo
“Gaia é um concelho muito importante para o Porto e Norte e felizmente aderiu à Agência de Promoção Externa e queremos ajudar a levar Gaia para todo o mundo”, são ainda palavras de Luís Pedro Martins, satisfeito por ver Gaia transformada na Casa do Vinho do Porto.
O presidente do Turismo Porto e Norte defende uma dinâmica conjunta dos concelhos do Norte neste caminho pelo crescimento turístico, muito através das novas rotas, como a dos Vinhos e do Enoturismo, a apresentar dia 27 de maio. “Gaia não só se apresenta como a Casa do Vinho do Porto mas também pode beneficiar com outras marcas de concelhos vizinhos, como, por exemplo, com o Geo Parque de Arouca”, precisou Luís Pedro Martins. “Estou convencido que o turismo vai recuperar mais rapidamente que outros setores, tal como aconteceu em 2008, quando recuperou num ano e meio”, frisa.
“Gaia tem mar, tem rio, tem serra e tem a cidade em si”, destacou António Castro, que relevou o programa Gaia Aprende +, “ também uma forma de apoiar os pais das crianças e, por consequências, as empresas onde trabalham”. O presidente da INOVAGAIA destacou ainda a importância do Instituto do Emprego e Formação Profissional de Gaia. “Os municípios têm de perceber que têm de ser facilitadores neste ecossistema”, diz.
Voltando ao turismo, Luís Pedro Martins constatou que a oferta turística não baixou preços preparando esta nova fase. “A marca do turismo Portugal e a qualidade que oferece levou-nos a patamares muito interessantes, ou seja, o que prometemos não defrauda”, opinou. “A pandemia para o turismo também nos permitiu colocar os holofotes em territórios que não tinham tanta visibilidade”, acentua, empenhado em fazer subir para além de 1.8 dias a estada média na Região Norte do turista.
Espanha na frente
Na Região Norte, o primeiro mercado turístico é o espanhol, seguindo-se os mercados francês, brasileiro, alemão e o Reino Unido. “Os mercados americano e canadiano também estavam a crescer muito e a Irlanda em 2019 cresceu 40%”, revela, esperançado que a operação da Britany Ferry, com ligação por barco ao Norte, a Leixões ou Viana, faça crescer no norte o turismo de britânicos, com a chegada de 5 mil turistas por semana. “O mercado interno é também muito importante, tal como os mercados externos de longa distântica”, salienta ainda Luís Pedro Martins. Para o presidente do Turismo Porto e Norte, Vila Nova de Gaia pode também colocar-se numa “posição muito forte” no meeting industry através da construção do Centro de Congressos, cujo processo está a avançar. “Vivemos bem se chegarmos a um acordo. Por um lado, o Porto perceber que tem de utilizar a sua forte capacidade de atração, permitindo que o resto da região usufrua dessa atração”, elenca ainda. “O Porto tem que ajudar a distribuir mas o resto da região tem de perceber que tem de manter a marca Porto, que é uma marca muito forte”, coloca aqui o acento tónico. “Gaia tem correspondido a esta sinergia e esperamos tirar bastante rendimento de um centro de congressos que terá a assinatura do arquiteto Souto Moura”, revela, por seu lado, Valentim Miranda. “Gaia tem algumas outras vantagens e uma delas é a segurança que proporciona e temos ainda para oferecer um hospital que até já é referência a nível internacional, para além de espaços desportivos e verdes distribuídos por todo o concelho”, sublinha o vereador. “De S.Félix da Marinha ao Areinho de Avintes temos ainda todo um corredor para circulação pedonal e através de meios suaves de mobilidade”, quis também marcar, salientando que Gaia acaba de investir cerca de 4 milhões de euros na melhoria dos seus parques.  “Temos um paradigma qualificado a esse nível”, diz António Castro. “É uma visão de modernidade boa”, define.