TRABALHADORES DAS ESCOLAS DE GAIA CONTRA FUNÇÕES "ALÉM DAS COMPETÊNCIAS"

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28-12-2022 | 12:58 | | |

TRABALHADORES DAS ESCOLAS DE GAIA CONTRA FUNÇÕES "ALÉM DAS COMPETÊNCIAS"

Escrito por Diogo Ferreira

"Não há dignidade", afirmou Carla Costa, representante sindical na Escola Básica Adriano Correia Moreira, durante o protesto de trabalhadores das escolas de Gaia em frente ao edifício dos Paços do Concelho, esta manhã.

A manifestação convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN) juntou cerca de meia centena de pessoas. "Não somos pau para toda a obra", entoaram. O sindicato está contra “a Câmara Municipal de Gaia obrigar os trabalhadores das escolas, nomeadamente os que foram transferidos do Ministério da Educação, a trabalharem no Projeto Gaia Aprende+”. Relatam que há assistentes operacionais a “trabalhar na interrupção letiva (23/12 a 02/01), até nas tolerâncias de ponto, no âmbito deste projeto”.

Os testemunhos expuseram problemas práticos do dia-a-dia destes profissionais que "lidam com crianças que não conhecem. Se os pais são divorciados e um deles vai buscar os filhos à escola, se não conhecemos a realidade das crianças, como sabemos se podem ou não ser entregues aos pais. A funcionária sabia que não era para entregar? Não sabia. E se acontecer alguma coisa, de quem é a culpa?", questionou uma das representantes da escola de Valadares.

Imagem removida.

Também os eleitos pela CDU na Assembleia Municipal estiveram presentes nesta concentração, "por solidariedade". Paula Batista, líder da bancada da CDU, defende "que as coisas continuem a funcionar como funcionavam. Se isto é um serviço prestado por IPSS's, pois que continue a sê-lo e que não se usem os funcionários das escolas para garantir um serviço durante as férias letivas. Não faz sentido nenhum, nunca fez parte das funções", realçou.

Já Lurdes Oliveira, membro da direção da STFPSN, afirmou que "não se sabe quem manda" e que os trabalhadores "não vão desistir da luta". Orlando Gonçalves, coordenador do STFPSN, contestou que a colocação dos professores é feita "no dia anterior, e têm de trocar horários que não fazem durante o restante ano letivo. Além de saltarem entre escolas (básicas e secundárias)", reforçou que se trata de "uma luta legítima".

Ação judicial a caminho

Orlando Gonçalves disse ainda que "o sindicato propôs soluções mas a Câmara não quis ouvir, nem teve qualquer interesse em resolver este conflito". A STFPSN sugeria que "responsáveis do município, dessem orientações aos diretores dos agrupamentos, para que indicassem apenas os trabalhadores que se disponibilizassem para essa tarefa".

Ora, o executivo liderado por Eduardo Vítor Rodrigues alega que "nunca o sindicato pediu qualquer explicação à autarquia".

Em nota enviada à redação, a Câmara Municipal de Gaia esclarece que "nenhum funcionário municipal está ao serviço de nenhuma entidade, mas tão-só a cumprir a sua missão nas escolas, sob a supervisão e hierarquia do Departamento de Educação. A falsidade destas imputações levará a Câmara a acionar judicialmente o sindicato e os seus responsáveis. Uma coisa é uma luta laboral, sempre legítima. Outra é a mentira transformada em forma de manchar o nome do Município".