UMA PONTE E MUITOS ATALHOS NO DEBATE RADIOFÓNICO ENTRE EDUARDO RODRIGUES E CANCELA MOURA
O primeiro grande debate entre os principais candidatos à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia foi organizado pela Rádio Observador e colocou frente a frente Eduardo Vítor Rodrigues (PS), que se propõe a renovar o mandato, e José Cancela Moura (Aliança Democrática, PSD/CDS-PP/PPM), o maior adversário direto.
O debate durou cerca de 55 minutos e nele os candidatos abordaram três grandes temas, a mobilidade, a habitação e a pandemia. Num ambiente cordato e de respeito mútuo, os candidatos trataram-se por ‘tu’, mas não deixaram de vincar as discordâncias reveladas durante o último mandato camarário e agora vertidas nos respetivos programas políticos.
Numa questão prévia ao debate, Cancela Moura recursou-se a comentar as incidências relacionadas com a desistência de António Oliveira. “É um assunto encerrado. Sinto que sou a escolha legítima do PSD”, disse, sem referir se antes estava ou não designado como número 2 da lista do ex-selecionador nacional de futebol.
Sobre a forma como um possível desgaste político do governo nacional do PS pode afetar o resultado do partido nas eleições em Vila Nova de Gaia, Eduardo Rodrigues inverteu a ideia da questão e considerou que “só se for pela positiva”. “De qualquer forma, numas eleições autárquicas não há um voto fiel partidário”, opinou, mostrando-se confiante de uma nova vitória com maioria absoluta, até porque “isto não é um projeto pessoal e envolve muita gente”.
Na medição dos possíveis resultados de 2021 com os obtidos em 2017, Cancela Moura referiu que “esta candidatura será julgada pelo trabalho feito na oposição e tem um projeto político sustentado”.
O tema mais discutido no debate foi o da mobilidade, refletida nos transportes, sobretudo na questão do já célebre concurso público da rede local e metropolitana, que ainda não está fechado. Eduardo Rodrigues tinha definido a data limite do último trimestre de 2021 para fechar o concurso (“ainda tenho esperança nisso”, disse), mas considerou que “o concurso, por si só, não resolve todos os problemas porque tem atrás de si uma enorme burocracia”.
“Só há transporte onde nas carreiras são rentáveis e nos últimos tempos temos visto as câmaras da Área Metropolitana do Porto a financiar as empresas de transportes, para compensar as perdas motivadas pela pandemia”, indicou o presidente da Câmara, de todas as formas “satisfeito por a extensão da Linha Amarela do Metro, finalmente, já estar em obra”.
Num ponto, Eduardo Rodrigues Cancela Moura estão totalmente de acordo. A Linha Amarela é a mais rentável do Metro e merece muito mais investimento, porque também é a mais curta.
A nova ponte rodoviária para ligar Gaia ao Porto e o respetivo sucesso na construção também une os dois candidatos. Cancela Moura lamenta os atrasos (“a correr bem, lá para 2025 ou 2026 é que fica pronta”, vaticinou) e não concorda com o facto de a Câmara de Gaia gastar muito mais do que a do Porto para a conclusão da obra. Neste pormenor, Eduardo Rodrigues apontou que “os acessos em Gaia são mais complexos, devido à orografia do terreno, e por isso obrigam a um maior investimento por parte da câmara gaiense”.
O tema da habitação mostrou a maior divergência entre os candidatos. Para Cancela Moura “esta é uma questão estrutural que se agravou”. “Não houve uma única entrega de habitação social. Há cerca de três mil pedidos para habitação social que não foram atendidos porque o PS adiou a intervenção nos bairros sociais”, reportou o candidato do PSD, num dado contestado por Eduardo Rodrigues. “Em quatro anos tivemos cerca de 500 famílias realojadas. Não temos tido é construção de raiz nova, mas isso irá mudar proximamente, pois já assinámos um acordo para um apoio de 145 milhões de euros, o segundo maior do país, para a construção de raiz e reconstrução nos bairros sociais”, revelou.
A ação de ambos durante a pandemia mereceu cumprimentos mútuos, já que Eduardo Rodrigues disse ter acolhido com agrado “várias propostas da oposição” e Cancela Moura acompanhou e apoiou “quase todas as medidas tomadas pela câmara”.
Neste aspeto, o presidente da Câmara lamentou a atitude de outras forças partidárias, que “se esconderam em casa com medo do vírus e nem a reuniões da Assembleia Municipal compareceram”.