O sonho do Ardina
Sempre quis ser ardina como o meu velho amigo Luciano, que andava de rua em rua a apregoar com a sua voz de trovão – Olha O Gaiense! Depois de acabar os estudos comecei a acompanhá-lo: carregava-lhe a pesada sacola dos jornais, fui conhecendo o percurso e ganhando confiança com os clientes, para quem ele sempre tinha um sorriso amistoso. Numa certa manhã o Luciano acordou doente, e telefonou-me a pedir para eu ir distribuir os jornais sozinho. Aceitei, e aconselhei-o a ir ao médico. Senti-me contente porque ia realizar o trabalho dos meus sonhos, mas também me apercebi do peso da responsabilidade, pois os jornais tinham que chegar às pessoas e não podia haver percalços. O dia correu muito bem, e no final estava cansado, mas posso afirmar que foi o dia mais feliz da minha vida, pois realizei o meu desejo de criança!