S. JOÃO VEIO 'PRÁ' RUA

23-06-2022 | 17:18 | | |

S. JOÃO VEIO 'PRÁ' RUA

Escrito por Filipe Bastos

S.João, a noite é tua, vem para a rua com arco e balão...E veio. Depois de dois anos em que não se pôde festejar o Santo mais popular, a noite de quinta-feira foi festejada como se fosse a última. O povo cantou e dançou, ávido de divertimento que os últimos dois anos impediram. Houve fogo, animação, manjericos, alhos porros, martelos, balões, danças, farturas, sardinhas... tudo a que o S. João tem direito.

Sim, ainda não foi completo. Faltou o habitual concerto do Cais de Gaia mas, em contrapartida, houve artistas espalhados por todo o concelho a animar os principais centros das freguesias.

O dia acordou com chuva. A incerteza sobre a noite, pairou. Porém, conforme o dia foi avançando, o S. Pedro ajudou a que a noite, apesar de um pouco fria, pudesse permitir que os foliões exprimissem toda a folia que o corpo pedia.

Até Marcelo se veio divertir e, como ele tanto gosta, apanhar os seus banhos de multidão para colecionar mais uma série de selfies para o seu arquivo pessoal e dos muitos portugueses que fazem questão de ter uma foto com o Presidente.

Do mesmo modo, os dois autarcas de Porto e Gaia (Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues), retomaram os cumprimentos a meio da ponte Luiz I, neste caso no tabuleiro superior, para dizer alto e em bom som, que as duas cidades estão unidas naquilo que é essencial para o quotidiano dos habitantes e que apenas o Douro os separa.

Os restaurantes da Afurada rebentaram pelas costuras e não tiveram mãos a medir. Gaienses e forasteiros quiseram manter a tradição de comer o peixe que ainda vai dando trabalho a alguns pescadores que resistem naquela vila piscatória: a sardinha. A rainha da noite estava, é certo, um pouco cara. Mas, para a época, esteve boa, embora lhe falte, ainda, um pouco mais de gordura que lhe permita que pingue na broa para se lhe apurar melhor o sabor.

E assim se viveu a noite de S. João que é, sem dúvida, a noite mais democrática do ano. Ali não há classes. Misturam-se gerações, pobres, ricos e remediados num frenesim onde prolifera a igualdade.■