Fogo que arde e que se vê
Os fogos continuam. E o verde, que rodeava a Serra da Estrela, praticamente desapareceu. É sempre assim: ano após ano, a nossa floresta arde. Os especialistas, à noite, em horário nobre, enchem os écrans das televisões. Dão palpites, sobre tudo e mais alguma coisa. Explicam aos espectadores tudo o que está mal no país. E, os espetadores, olham, ouvem e recordam-se de ouvir, todos os anos, o que os especialistas - e políticos - estão a dizer. Conhecem-lhes a cara. Os pivôs, repetem as perguntas que lhes fizeram no passado. Mas a floresta continua a arder. E sim, é verdade, nunca há culpados para além daqueles que a PJ consegue prender por fogo posto. De resto, tudo sacode a água do capote. E é certo e sabido - infelizmente - que, para o ano, os mesmos protagonistas estarão nas televisões a falar do mesmo tema, enquanto mais uns hectares de verde se tornarão num castanho escuro, muito perto do preto. A cor do carvão. Ah!, já me esquecia de falar do Siresp, o sistema de comunicações que quem combate os fogos usa. Se não fosse trágico, o caricato de um senhor responsável pelo sistema estar a mostrar aos jornalistas que o sistema funciona muito bem, que não tem falhas, e que os utilizadores do sistema é que são burros, que não têm capacidade para o manusearem, quando todos assistimos em direto e cores, ao sistema a falhar redondamente, daria para rir. E não há quem ponha mãos a isto?