BEM PREGA FREI TOMÁS
Os problemas dos professores arrastam-se há muito, muito tempo. Demasiado tempo. Não, não é um problema de hoje. Nem de um só governo.
Daí que não valha a pena escamotear que esta ‘bagunça’ que se tem vivido nos últimos dias não é bom para os alunos que, desse modo, se têm visto privados de muitas horas de aulas, nem para os pais, que andam numa ’fona’ a levar e trazer os filhos às escolas num verdadeiro ‘carrossel’ de colocar os ‘nervos em franja’.
Não vou entrar em pormenores sobre as reivindicações que levam os professores a manter-se em greve - justificada e legítima - há muitos dias.
Mas há dois ‘pormenores’ a favor destes profissionais, que sempre me custaram muito a entender: um tem a ver com o facto de hoje um professor dar aulas em Vila Nova de Gaia e, no ano seguinte, em Lisboa, Faro ou coisa parecida. Não é possível que andem sempre com a casa às costas, por um lado porque desestrutura a família e, por outro, porque o salário que auferem não dá para pagarem os custos inerentes a essa deslocação motivando, assim, a desmotivação e o consequente abandono da profissão.
Outro lado do problema advém da precariedade com que se mantêm durante anos e anos. Não fica bem a um governo dizer às empresas que devem acabar com os contratos a prazo e, ao mesmo tempo, fazer o mesmo, ou pior, com os seus funcionários. Ou seja, dar razão ao provérbio: “bem prega Frei Tomás, olha para o que ele diz não olhes para o que faz”.
Eu sei que não é fácil e, daí, o problema se arrastar durante anos e anos. Mas há que olhar para o assunto e, pelo menos, ir fazendo um esforço sério para mudar tal paradigma.
Custará muito a governo e sindicatos sentarem-se à mesa e discutirem, de boa-fé, a forma de, pelo menos, amenizar o problema?
Eu sou dos que entendo que a profissão de professor deve ser não só estimulada, como valorizada. A valorização do professor é uma garantia de uma educação de melhor qualidade. Sem um ensino decente, não há homens e mulheres - e muito menos País - de futuro.