OS APLAUSOS DE UMA NAÇÃO
Em Gaia, a festa começou no início da tarde, mais precisamente em Canelas, onde a Junta de Freguesia disponibilizou um autocarro para levar até ao aeroporto todos os que quiseram juntar-se à festa. O Gaiense aproveitou para visitar a casa do campeão, localizada na Rechousa, decorada com bandeiras de Portugal. Foi ali que Rui Oliveira começou a dar as primeiras pedaladas no ciclismo (ao lado do irmão Ivo, que falhou a presença nestes Jogos Olímpicos (JO) devido a uma queda em maio). O Gaiense falou com várias pessoas que ainda se emocionam ao falar do gaiense do momento. No café perto da casa, Jorge Rebelo partilhava a felicidade da vitória de um jovem que viu treinar de casa até à Srª do Monte: “Foi uma boa surpresa a participação e a vitória. É bom para a nossa região, porque somos conhecidos internacionalmente e isso pode angariar mais pessoas que possam querer optar por essa modalidade”.
No jardim ao lado da junta, alguns populares garantiram: “Foi bonito de ver. Conheço os gémeos Rui e Ivo de os ver na televisão e também a treinar por aqui, mas tenho pena que na televisão falassem mais do Iúri, do que do Rui. Para a freguesia é um orgulho”, referiu António Correia, de 69 anos. Já as jovens Ana e Catarina, que aproveitaram a ideia de uma amiga para ir aplaudir os vencedores ao aeroporto, através do autocarro disponibilizado pela Junta, realçaram: “É um orgulho ter um gaiense nos JO e estamos felizes por nos ter representado a todos. Será um novo impulso para o desporto em Gaia”.
Campeões com o selecionador Gabriel Mendes, Delmino Pereira, presidente da FPC, e o diretor da FPC Rafael Fernandes (ciclismo de pista)
"Muito bonito ver estes portugueses a festejar connosco.Sinceramente, não esperava tanta gente. É muito especial, obrigado a todos"
"És campeão, és campeão"
Quem também aproveitou a boleia foi o tio do ‘olímpico’ (Domingos Barbosa, de 62 anos), que o conhece “desde pequenino”, mas não viu a prova em direto “para não dar azar”. Com a voz embargada, disse: “sei que ganharam muita coisa, mas esta medalha de ouro é especial e já disse que o Rui merece o nome de uma rua”. “Uma loucura!”. O pai de Rui Oliveira repetia até à exaustão as palavras, recheadas de uma emoção que lhe tirava o ar do peito. A espera no aeroporto - depois de ter viajado de carro até Paris para ver a prova do filho – parecia ainda mais longa enquanto falava com a comunicação social e com familiares e amigos que chegavam. “Não consigo explicar o que foi aquele momento.
Foi uma coisa de outro mundo. Quando falei com ele, só conseguia dizer: “És campeão, és campeão”! Fernando Oliveira revelou que “foram com motivação de ganhar, mas corriam contra os melhores do mundo. Estava confiante, porque estavam os dois em grande forma”, disse o pai, pedindo que “haja mais apoio, pois foi com muitos sacrifícios que conseguiram este resultado”. Hélder Oliveira, o irmão de sorriso rasgado, contou a O Gaiense que “ouvir o hino foi emocionante. Quando fui militar, ouvir 'A Portuguesa' no juramento de Bandeira deixou-me orgulhoso e isso repetiu-se com a subida ao pódio do meu irmão, com o seu companheiro de guerra, Iúri Leitão. Estive com ele quando cortou a meta e agora vou dar-lhe um abraço muito emotivo".
