RESTRUTURAÇÃO DA FORMAÇÃO DO AVINTES CONTINUA A CONTAR COM NUNO PEREIRA
A aposta do Avintes nos escalões de formação é uma das prioridades de Rúben Pereira, presidente eleito no final de maio.
Na próxima temporada, o Avintes 'deixa cair' o projeto dos Sub 23 – cujo treinador esta época foi Nuno Pereira, desde novembro - e o elo de ligação entre a formação e os seniores passará a ser feita através do escalão Sub 19. Recorde-se que em dezembro de 2021, Daniel Pereira deixou de treinar este escalão (juniores) para orientar os seniores, um vínculo já renovado para 2022/23.
Ao comando dos Sub 19 passa a estar Nuno Pereira, que aos 28 anos já conta com uma vasta experiência nos escalões de formação de vários clubes, tanto no feminino como no masculino, como no S. Félix da Marinha e Grijó.
Nuno Pereira, que chegou ao Avintes em 2018, vai manter a equipa técnica, só com uma alteração. Fábio Oliveira é o treinador-adjunto e preparador físico, Joaquim Carvalho também é adjunto e Rui Monteiro é o treinador de guarda-redes, ‘substituindo’ Diogo Peniche. “Só tenho de agradecer por me aturarem e confiarem em mim”, indica Nuno Pereira, atualmente o técnico "com mais tempo de serviço na formação do Avintes", tirando a saída de três meses para a formação do futebol feminino do Vitória SC.
Fique a conhecer melhor o mister Nuno Pereira e o projeto do Avintes na entrevista que se segue.
Na temporada anterior regressou ao Avintes depois de uma experiência no Vitória SC, o que falhou? Como avalia a temporada?
Só estive lá três meses. O campeonato só começava em meados de janeiro e na altura tive uma reunião com o departamento de formação do Vitória SC e decidi sair porque andar só a treinar não é para mim. Preciso do jogo e da competição. Ainda para mais pela distância e quilómetros que eu fazia, eles compreenderam e aceitaram.
Entretanto, o treinador dos Sub 23 saiu do Avintes e fui convidado para ingressar. Voltei a uma casa que conhecia perfeitamente, não tive vergonha de “voltar atrás”. Era um projeto interessante porque já tinha trabalhado com vários escalões de formação nos clubes onde estive e faltava ali o contexto sénior. Foi um desafio interessante.
Pegamos a meio da época, já ia a terminar a primeira fase do campeonato. Apanhamos uma equipa desgastada mentalmente por falsas expetativas e promessas antes de começar a época. Felizmente conseguimos melhorar e pôr a equipa mais competitiva e focada nos objetivos que tínhamos traçados no primeiro dia. Ajudou-me a ser melhor treinador e ajudou a minha equipa técnica para estarmos mais preparados para o futuro. Sai destes seis meses ainda melhor treinador pelas experiências que tivemos, pelas dificuldades que fomos encontrando ao longo do campeonato, e de ter jogadores para competir ao fim de semana por causa da COVID ou lesões, ou ter cinco jogadores da equipa principal connosco.
Neste contexto dos Sub 23, a ligação com o plantel sénior é maior…
Principalmente com a entrada do Daniel Pereira nos seniores. Foi dos Sub 19 para os seniores. Damo-nos bem acima de tudo. Houve uma ligação mesmo nos jogadores que não iam jogar pelos seniores ao domingo. Se precisássemos, estavam sempre disponíveis para vir jogar por nós. O Daniel Pereira foi impecável e ajudou-me sempre, como nós também ajudamos os seniores quando foi preciso colmatar algumas saídas. Só tenho a agradecer a eles.
Agora ao comando dos Sub 19, quais são as expetativas?
Primeiro passa pela manutenção, mas o clube faz 100 anos brevemente e eu tenho sempre ambição. A ambição é fazermos o melhor possível. Fomos buscar muita gente nova de outras equipas, alguns regressam a casa, mas aproveitamos este mês de junho para se conhecerem.
É um treinador jovem, mas vai para a décima temporada como treinador. Qual o balanço da carreira, com um trajeto focado na formação, passando pelo feminino e masculino?
Desde que comecei tinha o objetivo de passar por todos os escalões de formação para conseguir lidar com mentalidades diferentes e diferenças de idades para estar preparado para o futuro. Consegui. Criei duas equipas femininas do zero, no S. Félix da Marinha e no Grijó. Foi uma experiência sénior feminino no Grijó que correu lindamente. No primeiro ano fomos à fase final de subida à primeira liga, fomos até aos oitavos-de-final na Taça de Portugal e campeãs de série juntamente com o Hernâni Gonçalves. Foi uma época brilhante e, para primeiro ano foi muito bom.
Agora já sou mais esquisito um bocadinho, já não quero criar e se amanhã tivesse de treinar uma equipa feminina já prefiro um projeto com alguns anos de experiência, que me dê outras condições do que recomeçar do zero. Ao longo dos 10 anos tem sido positivo.
Na formação do S. Félix fomos sempre a fases finais, no segundo ano nos Sub 15 do Avintes subimos de divisão e fomos campeões de série. Nos Sub 23 cumprimos os objetivos, queríamos mais, mas não foi possível.
Nos Sub 19 é igual, fazer o melhor possível.
Ao longo destes dez anos não quero dar um passo mais longo do que as pernas, ter os pés assentes na terra.
Qual a maior lição destes 10 anos?
Ser igual a mim próprio e ser sincero com quem trabalho e humilde e honesto com toda a estrutura que envolve o clube. A maior alegria é quando eu passo por eles ou quando lhes ligo para voltarem a trabalhar comigo e eles aceitarem à primeira. São esses momentos que mostram se estamos a trabalhar bem, que somos corretos e que os jogadores nos veem como exemplo. Não prometer falsas expetativas a ninguém.
E às vezes pagamos por tabela pelo insucesso de algumas pessoas por porem as culpas em cima dos outros, em vez de assumirem a culpa. Há poucos amigos no futebol.
À medida que os jogadores vão avançando de escalão, já começam a perceber as limitações e até onde podem chegar ou não? Como gere as expetativas dos jogadores?
Nos Sub 23, os jogadores estão na faculdade ou já começaram a trabalhar, ou já perderam aquela esperança de chegar a um nível competitivo mais alto. A maior dificuldade é lidar com jovens de 19, 20, 21 anos e conseguir motivá-los para fazerem uma época como se tivessem a começar. Uns querem jogar por jogar, outros ainda têm o bichinho e vontade de chegar ao Campeonato de Portugal, por exemplo.
Já chegou a trabalhar numa empresa de treinos individuais para guarda-redes. O projeto de treinador de guarda-redes ficou arrumado em definitivo?
A partir dos 12 anos foi sempre a minha posição. Conheço perfeitamente a posição e tenho muito cuidado nas minhas equipas técnicas em ter alguém experiente porque joguei e sei a dificuldade e importância de ter trabalho específico. Já ajudei a treinar os mais pequenos no Avintes, mas o foco é ser treinador principal. É o que mais gosto de fazer, mas se tiver de ajudar nessa área, ajudo sem problema.
E como se define como treinador principal?
Sou um treinador muito competitivo, mesmo nos treinos, os meus jogadores já sabem que dificilmente vão ganhar. Tenho o apito e o relógio do meu lado. Para trabalhar comigo, um jogador tem de ser muito competitivo, ter muita ambição e vontade de ganhar acima de tudo. Não ando no futebol para passar tempo. Se fosse para passear o fato de treino do Vitória, andava, mas preciso do jogo. E detesto perder, nem aos berlindes quando andava na escola.
Tenho de agradecer à direção do Avintes por confiar novamente me mim.
Não sou avintenses, mas vim para o Avintes e fico por acreditar no clube e querer ajudar. Sinto-me em casa. Prometo muito trabalho e apelo aos sócios que apareçam para apoiar a equipa Sub 19 porque acredito plenamente que vamos dar muitas alegrias. É importante juntar todos para ajudar o clube a renascer.
E agradeço à minha namorada que sofre muito porque passo muito tempo fora de casa. Felizmente tenho alguém que gosta de futebol, que me apoia e que me acompanha em tudo.