Médica detida por prescrever Ozempic de forma irregular sai em liberdade

Graça Vargas, médica especialista em endocrinologia que foi detida, esta quarta-feira, na sua residência em Matosinhos, por prescrição irregular de medicamentos para falsos diabéticos, conheceu hoje a decisão do Tribunal de Instrução Criminal, que aplicou medidas de coação. A médica sai em liberdade, mediante a caução de 500 mil euros e fica ainda proibida de exercer a profissão, frequentar a clínica E'sensia, na Boavista, e de contactar testemunhas, além de estar impedida de sair do país.

Segundo a investigação a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional do Porto, a especialista cobrava 140 euros por consultas a pessoas que pretendiam emagrecer, garantindo-lhes receitas de Ozempic, Victoza e Trulicity. Ou seja, a médica que atestava tratar-se de doentes diabéticos para poderem usufruir da comparticipação do Estado, até 95 por cento.

Para a operação policial, foram mobilizados cerca de 40 inspetores, com as buscas a abranger a residência dos arguidos (duas médicas, um advogado e uma empresa), os principais suspeitos, escritórios de advogados, contabilistas e um estabelecimento de saúde na cidade do Porto, existindo várias buscas em Vila Nova de Gaia, Lousada, Albufeira e Funchal.

Segundo as autoridades, o esquema terá rendido pelo menos 500 mil euros à médica, e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) poderá ter sido lesado em cerca de três milhões de euros devido às comparticipações indevidas. A suspeita está indiciada pelos crimes de burla e falsidade informática.

A Ordem dos Médicos avançou com um processo disciplinar a esta médica endocrinologista.